O rapaz da bicicleta cor-de-rosa
Era uma vez um rapaz que tinha uma bicicleta cor-de-rosa. Gostava de passear com ela, pela fila de casas caiadas de branco, que formavam a Vila Alegria.
Todos os dias, o rapaz da bicicleta cor-de-rosa, deslocava-se ao centro da Vila e, encostando-a, à parede branca da Igreja, ia buscar pão ao Senhor Casimiro. Alegre, com o pão quentinho debaixo do braço, montava-se na bicicleta cor-de-rosa e afastava-se da vila, de volta a casa, conduzindo-a apenas com uma mão.
Todos os dias, o rapaz da bicicleta cor-de-rosa passava por um grupo de meninos que jogavam à bola, nas imediações da vila. Estes paravam sempre o jogo, seguiam-no com o olhar e gritavam-lhe comentários trocistas que o envergonhavam, – Olha quem ali vai! É o menino que anda numa bicicleta de menina! -. Mas, todos os dias, ele tinha que por ali passar, pois vivendo com a avó, esta, com a idade, já não podia percorrer o troço de caminho que ligava a sua cabana ao centro da vila. Por essa razão, o rapaz continuava a montar o seu único veículo que, outrora pertencera à avó e, com ele, a encher a casa com um perfume a pão quente, o que trazia o brilho das estrelas à face enrugada da sua avó.
Por vezes, sentava-se nas escadas de entrada e ficava a olhar para a bicicleta. Não conseguia perceber porque insistiam os meninos naquela brincadeira, nem o que lhes era tão incómodo na sua linda bicicleta cor-de-rosa. E, assim ficava, dia após dia, pensativo e triste.
O menino deixou aos poucos de andar de bicicleta e, como a distância ainda era longa, foram tornando-se cada vez mais raros, os dias em que saía da cabana. Deixou de existir pão quente e, a cabana, já não exalava aquele perfume inigualável quente e antigo no ar. A casa tornou-se triste, pois o menino já não queria ser o Rapaz da bicicleta cor-de-rosa.
Um dia a avó adoeceu e, o menino, querendo agradar-lhe decidiu que chegara o momento de voltar a Ser ele. Montou a bicicleta, com medo de ter perdido o jeito, e tomou a direcção da vila. Quando lá chegou, encontrou a padaria do Senhor Casimiro fechada. Já não se fazia aquele pão, cozido em forno de lenha, que tanto a sua avó apreciava. Ficou então ali a pensar sobre como a opinião dos outros nos pode retirar momentos felizes. Triste, montou novamente a sua bicicleta e, passando pelos campos onde outrora jogavam à bola o tal grupo de meninos, percebeu que esses meninos tinham dado lugar a homenzinhos e, decidiu parar junto deles, a fim de lhes perguntar qual a razão para não jogarem. Um deles respondeu-lhe então que já não havia bola para o fazer.
O rapaz da bicicleta cor-de-rosa voltou para a cabana e, dos seus lençóis, fez uma bola de pano. No dia seguinte, regressou aos campos e ofereceu-lhes a bola de pano. Mais uma vez troçaram e si, mas desta vez, o menino não se intimidou e disse-lhes: “ O que interessa não é o que parecemos, é o que fazemos com aquilo que somos”-. Nisto deu um pontapé na bola de pano, lançando-a nos ares e correu, a bom correr, gargalhando, para junto da sua bicicleta cor-de-rosa.
E, mesmo quando, com o passar dos anos, deixaram de existir campos onde se dar pontapés na bola, quando se deixou de cozer pão em fornos de lenha e o rapaz ganhou na face lisa, barbas brancas, a bicicleta perdurou e, em cima dela, não se importando com o olhar dos outros, conheceu o mundo e deu-o a conhecer a outros, feliz por Ser e não por Parecer.
Todos os dias, o rapaz da bicicleta cor-de-rosa, deslocava-se ao centro da Vila e, encostando-a, à parede branca da Igreja, ia buscar pão ao Senhor Casimiro. Alegre, com o pão quentinho debaixo do braço, montava-se na bicicleta cor-de-rosa e afastava-se da vila, de volta a casa, conduzindo-a apenas com uma mão.
Todos os dias, o rapaz da bicicleta cor-de-rosa passava por um grupo de meninos que jogavam à bola, nas imediações da vila. Estes paravam sempre o jogo, seguiam-no com o olhar e gritavam-lhe comentários trocistas que o envergonhavam, – Olha quem ali vai! É o menino que anda numa bicicleta de menina! -. Mas, todos os dias, ele tinha que por ali passar, pois vivendo com a avó, esta, com a idade, já não podia percorrer o troço de caminho que ligava a sua cabana ao centro da vila. Por essa razão, o rapaz continuava a montar o seu único veículo que, outrora pertencera à avó e, com ele, a encher a casa com um perfume a pão quente, o que trazia o brilho das estrelas à face enrugada da sua avó.
Por vezes, sentava-se nas escadas de entrada e ficava a olhar para a bicicleta. Não conseguia perceber porque insistiam os meninos naquela brincadeira, nem o que lhes era tão incómodo na sua linda bicicleta cor-de-rosa. E, assim ficava, dia após dia, pensativo e triste.
O menino deixou aos poucos de andar de bicicleta e, como a distância ainda era longa, foram tornando-se cada vez mais raros, os dias em que saía da cabana. Deixou de existir pão quente e, a cabana, já não exalava aquele perfume inigualável quente e antigo no ar. A casa tornou-se triste, pois o menino já não queria ser o Rapaz da bicicleta cor-de-rosa.
Um dia a avó adoeceu e, o menino, querendo agradar-lhe decidiu que chegara o momento de voltar a Ser ele. Montou a bicicleta, com medo de ter perdido o jeito, e tomou a direcção da vila. Quando lá chegou, encontrou a padaria do Senhor Casimiro fechada. Já não se fazia aquele pão, cozido em forno de lenha, que tanto a sua avó apreciava. Ficou então ali a pensar sobre como a opinião dos outros nos pode retirar momentos felizes. Triste, montou novamente a sua bicicleta e, passando pelos campos onde outrora jogavam à bola o tal grupo de meninos, percebeu que esses meninos tinham dado lugar a homenzinhos e, decidiu parar junto deles, a fim de lhes perguntar qual a razão para não jogarem. Um deles respondeu-lhe então que já não havia bola para o fazer.
O rapaz da bicicleta cor-de-rosa voltou para a cabana e, dos seus lençóis, fez uma bola de pano. No dia seguinte, regressou aos campos e ofereceu-lhes a bola de pano. Mais uma vez troçaram e si, mas desta vez, o menino não se intimidou e disse-lhes: “ O que interessa não é o que parecemos, é o que fazemos com aquilo que somos”-. Nisto deu um pontapé na bola de pano, lançando-a nos ares e correu, a bom correr, gargalhando, para junto da sua bicicleta cor-de-rosa.
E, mesmo quando, com o passar dos anos, deixaram de existir campos onde se dar pontapés na bola, quando se deixou de cozer pão em fornos de lenha e o rapaz ganhou na face lisa, barbas brancas, a bicicleta perdurou e, em cima dela, não se importando com o olhar dos outros, conheceu o mundo e deu-o a conhecer a outros, feliz por Ser e não por Parecer.
3 wake ups:
Que história bonita!!!
Belo texto! Adorei.
Lindo Su.. mesmo... adorei.
Jorge
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